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Mariza Souza Dias

AUTOR: Mariza Souza Dias
TÍTULO: APROPRIAÇÕES CAMPONESAS DA POLÍTICA PÚBLICA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR NO ASSENTAMENTO TRÊS PONTES, PEROLÂNDIA (GO)
ORIENTADOR: Profª Drª Dinalva Donizete Ribeiro.
DATA DE APROVAÇÃO: 2012

 

Resumo:

A partir da década de 1990 começa a tornar-se hegemônico, no Brasil, um novo enfoque nas políticas públicas de desenvolvimento rural, que se caracteriza pela integração da produção das famílias camponesas ao mercado, por meio da instituição de programas de produção pela Política Pública destinada à Agricultura Familiar. Essa estratégia demonstra a opção do Estado por políticas de desenvolvimento agrícola, deixando mais espaços para a regulação mercantil no campo, o que intensifica a questão agrária. O desenvolvimento destas políticas é marcado por conflitos, uma vez que a racionalidade da (re)produção social camponesa destoa da racionalidade econômica embutida nos programas para a agricultura familiar. Por meio do modo de vida camponês, as famílias reorganizam e re-significam as estratégias produtivas dos programas, com o intuito de sustentar a autonomia do uso do tempo e do território camponês. Desta forma, o objetivo deste trabalho é identificar e analisar de que forma o modo de vida camponês (re)orienta o processo de integração das famílias do Assentamento Três Pontes, situado no município de Perolândia, microrregião Sudoeste de Goiás, no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), ocorrido em 2009, 2010 e 2011. Estes dois programas se fazem presentes em todos os assentamentos do município e na maioria da região e são desenvolvidos por meio de atividades e parcerias com instituições públicas e privadas. Para tal, foi realizada uma revisão das referências que tratam do tema, bem como entrevistas semi-estruturadas com 50% das famílias do assentamento pesquisado e com representantes das entidades parceiras. Verificou se que o Estado e as empresas controlam as etapas logísticas e burocráticas dos programas, as quais são contestadas, negadas ou aceitas pelas famílias, quando elas não têm o poder de modificá-las. É no processo produtivo e na realização do trabalho, que o modo de vida camponês se apropria e reorganiza as ações propostas pelos programas. Por meio do controle singular do uso do espaço, do trabalho, do tempo e das ferramentas, as famílias exercem a territorialidade camponesa. Esta é, por conseguinte, uma relação dialética, pois da mesma forma que a autonomia do trabalho permite a reprodução camponesa, o território também é utilizado e controlado pelas empresas e pelo Estado, reforçando a monopolização do território pelo capital.

 

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