ADJAIR MARANHÃO DE SOUSA
Resumo:
A pesquisa analisou o processo de formação do espaço do município de Iporá-GO, especificamente a estrutura fundiária, que foi formada em meados do século XX e que ainda mantém traços originais. Por meio de fontes teóricas, trabalho de campo, pesquisas em documentos e relatos, buscou-se compreender os principais fatores que contribuíram para a implantação do modelo fundiário desconcentrado no município, que antes de sua emancipação política, pertencia ao Município de Goiás. Esse processo é marcado por disputas de poder e articulação política que pôs fim ao comando regional dos coronéis Odorico Caetano Teles e Joaquim Paes de Toledo, que concentravam mais de 100 mil hectares de terras nas proximidades onde se situa hoje a cidade de Iporá. Com a Revolução de 1930 a era Vargas se instalou no Brasil e em Goiás consolidou-se com Pedro Ludovico Teixeira, como Interventor Federal, que adotou uma política municipalista intervindo nas prefeituras existentes, emancipando alguns outros povoados e distritos e nomeando aliados políticos para os cargos públicos. No Oeste Goiano, Israel Amorim foi nomeado representante do Estado em 1938, para coordenar o processo de implantação do distrito de Iporá, que já se iniciava sob o comando dos coronéis Odorico e Quinca. O plano foi desconcentrar a propriedade da terra, vendendo pequenos lotes com pagamento parcelado e emprestando o próprio dinheiro para o custeio. Para isso foram divulgadas propagandas nas mídias disponíveis naquela época, promovendo rapidamente a atração de pessoas e povoando a região, formando assim um distrito, que mais tarde elevou-se a município. Israel foi um político influente na região, elegendo-se primeiro Prefeito de Iporá em 1949 e Deputado Estadual em dois mandatos de 1955 a 1963. Porém, ao tentar voltar à prefeitura de Iporá em 1956, perdeu o pleito por uma diferença de dois votos. Sendo Deputado Estadual da situação, fracionou o município de Iporá, numa espécie de retaliação política, retirando mais da metade do seu território e criando outros quatro municípios: Amorinópolis, Israelândia, Jaupaci e Moiporá. Em 1962, Israel tentou sem sucesso o terceiro mandato de Deputado Estadual, decretando o fim de uma era política. Mesmo sem essa força e sua interferência, as propriedades rurais continuaram desconcentradas ao longo desse tempo. Os anos de 1970 e 1980 marcaram a ocupação, por parte dos agricultores, do cerrado goiano, com programas de incentivo de produção dos governos estadual e federal como a Empresa Goiás Rural, a Política de Garantia do Preço Mínimo, Polocentro, Sudeco, etc. visando povoar, ocupar e “desenvolver” o Centro Oeste brasileiro. Iporá pouco foi beneficiado e a estrutura fundiária implantada no início de sua criação, perdurou, com predominância da pequena propriedade voltada para a pecuária e, de forma desconcentrada ainda permanece até os dias atuais, de modo distinto ao ocorrido na formação geral de Goiás e do Brasil.