VILSON SOUSA QUEIROZ JÚNIOR
Resumo:
Alteração natural dos cursos de rios para a construção e formação de reservatórios, aqui representado para a geração de energia dado a crescente demanda de energia elétrica no Brasil, acarreta mudanças significativas nos ambientes aquáticos e consequentemente no seu entorno, dado as distintas características em função, das áreas inundadas, dos diversos tipos de
circulação da água, do período de residência, do fluxo de nutrientes, em síntese, dos padrões limnológicos, definindo diferentes compartimentos aquáticos, sugerindo certa importância de estudos para estes ambientes. A análise limnológica das águas de um reservatório associadas a técnicas de sensoriamento remoto com o intuito de identificar os compartimentos aquáticos representa um conjunto metodológico eficaz para resultados almejados. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi realizar a caracterização dos compartimentos aquáticos do reservatório da UHE Caçu, Goiás, Brasil, por variáveis limnológicas e dados espectrais associado a uma análise da dinâmica do uso da terra da bacia hidrográfica da UHE Caçu. Analisando dois períodos distintos, sendo um com os menores índices pluviométricos, representado pelo mês de agosto de 2014 e o de maiores índices, o mês de janeiro de 2015 conforme média climatológica. A metodologia constituiu-se na coleta de dados de precipitação, Concentração de Sólidos em Suspensão (CSS), transparência da água por meio do Disco de Secchi (DS), Clorofila – a (CHL – a) e classificação do uso da terra. Os dados espectrais foram coletados FieldSpec® HandHeld 2. A coleta de dados limnológica e dos espectros foi realizada em 35 pontos amostrais distribuídas uniformemente pelo reservatório. As variáveis limnológicas foram espacializadas pelo Inverso do Quadrado da distância (IDW). O uso da terra foi confeccionado por meio de classificação de imagens de satélite do Landsat 8 OLI, obtendose como classe predominante a de Pastagem com valor médio para os campos de 74,11%, seguido pela classe de Vegetação com 19,91%. A partir dos resultados observou-se que a precipitação acumulada para o período do campo de janeiro apresentou maior e para o campo de agosto o menor índice pluviométrico. A CSS apresentou variação de 0,17 a 4,5 mg/L para o campo de agosto, para janeiro de 0,5 a 18,83 mg/L. A transparência do DS ficou, de 0,9 a 2,5 m, para agosto e para janeiro de 0,5 a 1,60 m. Para a CHL – a no campo de agosto foi encontrado valores de 0,0 a 6,32 µg/L e para janeiro de 1,26 a 8,84 µg/L, com padrão de valores variando ao longo do reservatório, havendo partes com valores baixos e em outras com valores altos (se comparado a parte anterior), para ambos os campos. Para as variáveis limnológicas foi executado testes de correlação de Person para compreender a interdependências destas, obtendo correlação inversa Forte para CSS e DS e correlação Moderada para CSS e CHL - a. Para os espectros obtidos em campo, no geral todos apresentaram comportamento semelhante, variando apenas as taxas de reflectância entre 0,5% e 2,5% para agosto e 0,3% e 3,4% e certas particularidades. Foi possível observar que há feições de absorção, sendo, aproximadamente em 610 e 675nm, sendo esta última para a Clorofila – a. Segundo a literatura, a banda de absorção em 610 nm é devida à absorção pela ficocianina. Apresentou resposta espectral para o CSS, nas faixas do vermelho e infravermelho próximo. De forma geral a partir dos resultados tendo-se como base as variáveis de maior relevância como DS, CSS e CHL - a, o reservatório da UHE Caçu apresentou três compartimentos definidos, Lótico, Transição e Lêntico A e B dados as suas particularidades de padrões das variáveis limnológicas.