CELENI MIRANDA
Resumo:
O produto tóxico possui uma íntima relação com o agronegócio, inserido como um meio de proteção e produção, ao mesmo passo como contaminantes dessa cadeia produtiva. Por meio das empresas fabricantes e de revenda, concebe o estigma de veneno, causador de desequilíbrio ambiental. Inseridos nesse sistema estão os grandes produtores e camponeses, que por meio da política de Reforma Agrária brasileira, (re) criam seus modos de vida e de trabalho em assentamentos rurais. Este estudo analisou a utilização de agrotóxicos no município de Jataí e no Assentamento Três Pontes Perolândia (GO), com vistas a revelar os impactos desses produtos para a saúde pública e se está adequado à legislação. Investigou-se a quantidade de produtos comercializados na área de estudo; o uso dos Equipamentos de Proteção Individual-EPIs; o conhecimento sobre o receituário agronômico, item obrigatório na aquisição desses produtos, e o descarte correto e triplece lavagem das embalagens vazias. Trata-se de uma pesquisa qualiquantitativa, optando-se pelo estudo de campo. Utilizou-se como instrumentos de coleta de dados: as observações, a aplicação de questionários e entrevistas semi-estruturadas. Os sujeitos desta pesquisa foram às empresas revendedoras de produtos químicos dos referidos municípios; produtores de grãos do município de Jataí (GO); órgãos fiscalizadores do controle do uso de agrotóxicos e dos descartes de embalagens vazias,
além de doze assentados, do assentamento Três Pontes, que representam 27,9% da comunidade assentada. Verificou-se que a realidade entre o assentamento e as grandes propriedades difere no sentido de autonomia e soberania produtiva, porém ambos utilizam agrotóxicos indiscriminadamente em suas lavouras. Este estudo permitiu compreender a quantidade e dinâmica na utilização dos agrotóxicos, e apresenta os dados relativos aos casos de doenças e óbitos pelo contato e uso de agrotóxicos, ficando evidente que os usuários desses produtos químicos pesquisados negligenciam todos os cuidados necessários para o seu bom uso e manejo. Fica claro que há necessidade mais efetiva da participação dos poderes públicos, contribuindo com a fiscalização e monitoramento dos envolvidos na redução dos perigos à saúde e aos danos ambientais. Como verificado ao longo do trabalho em relação ao uso do agrotóxico os sujeitos não cumprem a legislação vigente.