MAINARA DA COSTA BENINCÁ
Resumo:
O camponês possui uma íntima relação com o meio em que vive, o vê como um meio de vida, de trabalho e de lazer, um local de troca simbiótica e de uso dos saberes herdados. Por meio das atividades produtivas, concebem a natureza de modo a estabelecer respeito e equilíbrio, camponeses esses, que por muitos anos foram expropriados de suas terras e que através da política de Reforma Agrária brasileira, (re) criam seus modos de vida e de trabalho em assentamentos rurais. Discussão essa que deu origem ao presente trabalho, que pretende analisar a percepção da natureza pelos camponeses dos Assentamentos Santa Rita (município de Jataí-GO) e Três Pontes (município de Perolândia-GO), a partir da organização produtiva de ambos. Para tal buscou-se compreender o processo de territorialização e (re) criação camponesa por meio da política de Reforma Agrária, em ambos os assentamentos, identificar os usos da natureza promovidos pelas atividades produtivas e, analisar por meio de mapas mentais, a percepção e uso da natureza por parte das famílias camponesas. Dessa maneira, fizeram-se necessários alguns procedimentos metodológicos, como a pesquisa bibliográfica, a fim de dar o embasamento teórico, a coleta de dados qualitativos e quantitativos, por meio de observações participantes e entrevistas semiestruturadas com trinta por cento das famílias de cada assentamento supracitado, bem como a confecção de mapas mentais, junto aos camponeses. Verificou-se que as realidades entre os assentamentos se diferem no sentido de autonomia e soberania alimentar, tendo em vista que o Assentamento Santa Rita se encontra em situação mais favorável, sendo que mantém uma diversidade de produção e usam de forma mais sustentável sua terra. O Assentamento Três Pontes, mesmo apresentando uma maior renda, esta vinculado à apenas a produção de soja e milho, comprometendo dessa forma a autonomia e a soberania alimentar camponesa.